sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

TERESINA SÉCULO XXI: Contrastes urbanos

Leituras da arquitetura e da cidade
Contraste entre dois importantes corredores de compras
Av. Raul Lopes x Av. São Raimundo

BAIRRO JÓQUEI


Para entender o bairro Jóquei é necessário antes analisar as inúmeras mudanças que ocorreram no lado leste do Poti. Na década de 50 as famílias mais elitizadas do Centro da cidade adquiriram terrenos na futura zona Leste, estes foram adquiridos durante o loteamento de grandes fazendas que havia na região.
Segundo a Secretaria de Planejamento da Prefeitura de Teresina, a denominação do bairro se deu por conta do Jockey Clube, que concorreu com o Clube dos Diários, e por ser mais liberal, conseguiu suplantá-lo.




Ilustração 1
Foto: Arquivo Público, 2011
Antiga Ponte de Madeira sobre o rio Poti. Construção da Ponte de Concreto Armado, substituindo a de madeira. A antiga ponte em madeira,   supostamente levada por uma enchente no rio Poti, deu lugar a uma ponte de concreto em 1956, construída pelo DNOCS.

A cidade se desenvolveu, a população cresceu e a construção civil seguiu o mesmo caminho. A Zona Leste se tornou o novo embrião habitacional da elite de Teresina e atualmente possui o maior número de investimentos no setor imobiliário.
Porém, existem duas faces distintas na mesma zona; uma elitista e outra de baixa renda. No Jóquei ainda residem famílias de baixo poder aquisitivo, porém isso é mais comum em bairros como Piçarreira, Satélite e Vila Bandeirantes, cada vez mais periféricos e isolados devido a expansão dos bairros mais nobres e conseqüente afastamento para os limites rurais.





Google Maps, 2011. Edição: Dennys Uchôa. A Região demarcada 1 se refere a Zona Leste com predominância elitista. São bairros como Jóquei, Fátima, Ininga e São Cristovão.
A Região demarcada 2 se refere a Zona Leste com predominância das famílias de baixo padrão. São bairros como Satélite, Piçarreira e Vila Bandeirantes.

                Em 15 anos, segundo dados da Prefeitura de Teresina junto ao Censo 2010, o Jóquei passou de 2.889 habitantes para quase 6.000 da qual a maioria pertence a classes sociais mais favorecidas. Um dado que confirma é a Renda Média Mensal das Pessoas Responsáveis pelo Domicilio no ano de 2000 que foi de R$ 4.559,40.


Avenida Raul Lopes


Um fator interessante para o atual estágio de desenvolvimento da Zona Leste foi a construção da Avenida Raul Lopes, ligando a Avenida João XXIII a Avenida Petrônio Portela. A avenida foi uma intervenção urbana proposta pela equipe técnica da UFPI em meados da década de 70 que resultou em melhorias no fluxo viário da cidade.



Foto: Dennys Uchoa, 2011
Não há equipamentos urbanos na área indicada, apenas uma academia que é utilizada pela população que faz caminhada e outros esportes na Avenida Raul Lopes. Uma inovação são os postes em formato de pétala anti-vandalismo, que está sendo usado em toda cidade. O calçadão das Avenidas Marechal Castelo Branco e Raul Lopes também ganharam a nova iluminação.


Foto: Renata Abreu, 2011
A área verde existente que contém os quiosques, a academia é a Área de Preservação Permanente Parque Beira-rio. Há bambus no decorrer do rio que foram plantados a alguns anos sem estudos prévios de adequação e que acabam por piorar a situação do assoreamento no Parnaíba, já que as raízes do bambu não criam uma trama resistente aos efeitos erosivos da água.


Foto: Dennys Uchoa, 2011
Quanto ao mobiliário urbano, a região é bem servida de bancos, que seguem o padrão da prefeitura. O posteamento, responsabilidade da Eletrobras Piauí é regular e aparente. A fiação traz consigo o carma de tornar “feia” a paisagem, poluindo a visão. O trânsito na área é constante, já que a avenida , como já foi dito, se transformou num importante corredor que liga ao mesmo tempo Centro e Leste, Sudeste e Sul, mesmo com alguns desvios. Em frente à entrada principal do Teresina Shopping há uma faixa de pedestres.
BAIRRO PIÇARRA



O bairro recebeu este nome por causa da grande concentração de jazidas de piçarra na área. No início do século XX a área onde hoje é o bairro Piçarra era um povoado de palhoças ao longo de um caminho de montarias, ponto de chegada para quem vinha do interior do Piauí, atravessando o rio Poti pelo antigo pontão, atualmente existe a ponte da Estrada de Ferro. Outros caminhos foram surgindo como a Estrada da Catarina, tendo como ponto de convergência o atual Mercado; desta forma, com o intenso fluxo de mercadorias, o bairro foi consolidando sua vocação comercial.
O bairro Piçarra, que no início era alvo de discriminação, em virtude de ser um ponto de prostituição e por suas inúmeras casas de palha, começou a se destacar como área de venda de materiais de construção a partir da década de 80, quando Teresina começou a sofrer o processo de descentralização de suas atividades econômicas.
A Piçarra evoluiu recebendo as primeiras melhorias urbanas como a construção do Mercado da Piçarra (construído no local da antiga feira); a Escola Domingos Jorge Velho e o Cine teatro São Raimundo, o Bagana, assim chamado devido às baganas de cigarro que seus clientes jogavam no chão. Na década de 1970 foram abertas diversas avenidas; foi instalado o Hospital Casa Mater, atualmente Hospital Aliança, e desenvolveu-se o comércio de material de construção, além do surgimento de vários outros bairros como o Cristo Rei, Cidade Nova e Ilhotas.


Avenida São Raimundo



Foto: Thiscianne Pessoa, 2011
A Avenida apresenta os prédios com altura relativamente regular chegando no máximo a dois pavimentos, de maneira geral não apresenta vazios apenas uma casa que esta sendo demolida ao lado do Mercado da Piçarra.



Foto: Thiscianne Pessoa, 2011
Nos quarteirões encontramos oficinas de bicicletas e materiais eletroeletrônicos, estúdios fotográficos, farmácias, mercados e supermercados, uma unidade escolar, óticas, lojas de material de construção, uma clinica odontológica, bares, provando assim a grande variedade tipológica da região.



Foto: Ana Clarisse Mendes, 2011
O transito é caótico, pois a via possui vários buracos, não apresenta nenhuma sinalização, além do fato das pessoas estacionarem de maneira inadequada obstruindo a passagem dos carros nos dois sentidos.


Foto: Emiliana Costa, 2011
As calcadas não são acessíveis e em alguns momentos se tornam extremamente estreitas impossibilitando a passagem de pedestres.


Foto: Emiliana Costa, 2011
A iluminação publica possui fiação aparente. Entretanto, é satisfatória.


Foto: Ana Clarisse Mendes, 2011
Outro grande problema é o odor desagradável existente na avenida devido a ausência de lixeiras adequadas. O lixo do mercado e dos demais estabelecimentos é despejado sem o devido manejo na avenida causando mau cheiro e pondo em risco a saúde pública. Além disso, a avenida possui galerias de esgotos abertas, aumentando ainda mais os riscos de doenças.



É notório o contraste existente entre a infra-estrutura dos bairros devido aos interesses econômicos do poder público em realizar melhorias em cada zona. Na região mais elitizada como, por exemplo, o Jóquei, há iluminação pública de qualidade, calçadas em melhor estado, espaços públicos para estacionamento, investimentos nas áreas com potencial turístico, pavimentação de boa qualidade, boa sinalização e policiamento constante. No entanto, numa região mais popular como a Piçarra, não há interesse de investimentos para aproveitamento de potenciais pontos de atratividade como, por exemplo, o Mercado da Piçarra, essa construção é marcada pela deterioração da fachada e péssimas condições de higiene. A infra-estrutura precária afasta possíveis consumidores dessa área provida de grande potencial mercantil. Entretanto, na Avenida Raul Lopes, o alto grau de investimentos mostra o favorecimento dos grandes empresários pelos órgãos públicos e o desinteresse em ajudar as classes mais necessitadas.






Disciplina: Leituras da arquitetura e da cidade, 2011.Prof. ª Dra. Alcília Afonso
Componentes:
-Dennys Uchoa, Renata Abreu. ANÁLISE URBANA Teresina – Jockei – Avenida Raul Lopes.
-Thiscianne Pessoa, Ana Clarisse Mendes, Emiliana Costa.  ANÁLISE URBANA Teresina – Piçarra - Avenida São Raimundo.

Edição e Diagramação: Emerson Mourão (estudante de arquitetura-UFPI)

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