sábado, 21 de janeiro de 2012

TERESINA SÉCULO XXI: Contrastes urbanos

Leituras da arquitetura e da cidade

AVENIDA MARANHÃO

    A Avenida Maranhão está localizada no bairro Centro às margens do Rio Parnaíba. Possui duas vias, cada uma com três faixas, separadas por um canteiro central. A arborização é feita com a carnaúba, no canteiro central, e nas calçadas laterais apresenta oitizeiros, figueiras e bambus na margem do rio.


Imagem da Av.Maranhão na década de 70, sem o Troca-troca, com a Praça da Costa e Silva e o edifício da Cepisa. Fonte: istoepiaui.blogspot.com, 2011.

ARQUITETURA DO ENTORNO

   TROCA-TROCA

   O troca-troca fica situado às margens do Rio Parnaíba, no entroncamento da Av. Maranhão com a Rua Coelho Rodrigues, a princípio as feiras realizadas neste local aconteciam embaixo de uma figueira e partiu da iniciativa de algumas pessoas trocarem produtos por outros, sem o uso do dinheiro, prática que existe a mais de trinta anos no lugar. Posteriormente os feirantes conseguiram, através de reivindicações ao Governo do Estado, uma estrutura adequada que comportasse os comerciantes, mantendo preservada a figueira existente e sendo inaugurado em 1985.

Troca-troca, somente com a figueira ao fundo. Fonte: Acervo Biblioteca Municipal Abdias Neves.


    Segundo os usuários do local há mais de cem comerciantes cadastrados e que possuem ponto fixo, contribuem por semana com uma quantia em dinheiro para manutenção e vigilância das mercadorias que ali ficam expostas. Há também vendedores não cadastrados, trabalhando ali clandestinamente, gerando a fama de venda de produtos roubados no local.
    Sofreu uma reforma em 2009, executada pela Superintendência Municipal de Desenvolvimento Urbano – SDU Centro/ Norte. Recuperaram o piso, tiraram o concreto e substituíram por granilite, restauraram o teto e fizeram novas instalações elétricas e hidrosanitárias.
    O Troca-troca precisa de uma nova restauração e de limpezas freqüentes, além de uma melhor organização com relação às categorias de mercadorias expostas. O movimento intenso e a grande quantidade de mercadorias tomam parte da calçada, impossibilitando a circulação livre de pedestres, que por conta disso as pessoas descem da calçada e caminham pelo meio fio, disputando espaço com ciclistas e automóveis.


Apresenta uma arquitetura de linhas simples e puras, contemporânea e com estrutura sistemática, não gera conflitos com o conjunto do entorno. Foto: Loraynne Lima, 2011.


    ESTAÇÃO ENGENHEIRO ALBERTO TAVARES SILVA

    Estação de metrô suspensa, com estrutura em concreto armado passando sobre a Av. Maranhão, inaugurada em 2010. Recebeu este nome em homenagem ao ex-governador Alberto Silva, que foi o idealizador de todo esse sistema, esteve presente na realização do projeto juntamente com outros profissionais da área da construção civil.


Estação Engenheiro Alberto Tavares Silva, terminal do metrô interligado com o Shopping da Cidade.
Foto: Loraynne Lima/ Teresina, dezembro de 2011.


Terminal em estrutura de concreto armado, suspensa, passando sobre a Av. Maranhão.
Foto: Loraynne Lima/ Teresina, dezembro de 2011.


Imagem do terminal do metrô e toda sua estrutura metálica bem presente na volumetria.
Foto: Loraynne Lima/ Teresina, dezembro de 2011.


    SHOPPING DA CIDADE

    Um espaço comercial criado para abrigar os vendedores ambulantes que antes ocupavam as ruas do centro da cidade, inaugurado em 2009 e projetado pelo arquiteto Júlio Medeiros. Possui 13.487,49 m² de área construída, com 3 pavimentos interligados por quatro escadas rolantes, cinco escadas convencionais e dois elevadores, baterias de banheiros em cada andar e uma sala de vídeo e reuniões. Oferece diversos serviços, como, caixa eletrônico, Caixa Econômica Federal, praça de alimentação com 35 lanchonetes, Correios, Cepisa, Agespisa, dentre outros. Possui integração com a Estação de metrô. Com estrutura mista, aço e concreto, sendo seus elementos verdadeiramente representados de maneira aparente, até mesmo suas instalações elétricas e hidráulicas.
    Um execelente projeto, com soluções criativas, porém o problema está na sua implantação.


Maquete eletrônica do Shopping da Cidade e sua integração com o metrô.
Fonte: Escritório Júlio Medeiros


Shopping da Cidade
Foto: Loraynne Lima/ Teresina, dezembro de 2011.


Croquis do complexo da Praça da Bandeira, com Shoppig da Cidade, Troca-troca e Estação do metrô.
Fonte: Escritório do arquiteto Júlio Medeiros.


Imagem interna do Shopping da Cidade.
Foto: Rebecca Nunes/ Teresina, dezembro de 2011.


    O Shopping da Cidade gerou grandes problemas para a área, poluição visual, conflitos entre pedestres e automóveis, ausência de diálogo com o entorno histórico, falta de acostamento e de estacionamento o que só aumentou os congestionamentos, porque a largura das ruas é insuficiente para  fluxo intenso. A distancia entre a praça e o rio não chegam a 20 metros, gerando assim esse estrangulamento. A estação do metrô com o shopping cria uma barreira visual para a paisagem histórica do entorno, Praça da Bandeira e seus edifícios.


    PRAÇA DA BANDEIRA (1852)

    A atual Praça Marechal Deodoro (também conhecida como Praça da Bandeira) já foi chamada de Largo do Amparo e Praça da Constituição. É o núcleo inicial de povoamento de Teresina, Vila Nova do Poty, ao redor da qual foram erguidos os mais importantes edifícios públicos da nova Capital, a partir dela se deu início ao planejamento de Antônio Saraiva. Destaca-se por não herdar a configuração das praças paroquiais da séc. XVIII no Piauí e abriga uma vegetação natural da região.
    Em 1941, a praça passa pelo seu auge, mais arborizada e com viveiros de pássaros, usada para a locação de circos, para atividades de lazer. Em 1965 recebe outros equipamentos, a praça é fechada e ganha o Teatro de Arena, com linhas modernas.
    Possui um caráter dinâmico no que diz respeito as atividades desenvolvidas no seu entorno imediato, onde há equipamentos institucionais, culturais, comerciais, como por exemplo, Mercado Central, Shopping da Cidade, ambulantes e Troca-troca. Além desses já citados, compõem a arquitetura do entorno a Igreja do Amparo, Palácio da Justiça, Museu do Piauí, Fundação de Cultura Estadual e COMEPI.


Praça da Bandeira na década de 30.
Fonte: Acervo do IPHAN.


Praça da Bandeira na década de 70.
Fonte: Acervo Cid de Castro Dias


Imagem da Delegacia Fiscal à esquerda e a mesma edificação hoje o Juizados Especiais da Justiça Federal. Entorno da praça.
Fonte: Cid de Castro Dias, 2006, p.19.


    PONTE GOVERNADOR JOSÉ SARNEY

    A Ponte José Sarney, mais conhecida como Ponte da Amizade é a mais nova comunicação entre Teresina e Timon, inaugurada em 2002. Construção moderna, de quatro pistas, em concreto e aço, produz um contraste interessante com a Ponte Metálica, sua vizinha mais antiga.
    Para suavizar a sua imagem a ponte recebeu 60 painéis, com imagens de pontos turísticos da capital nas alças de acesso do lado de Teresina, melhorando o visual da ponte. O projeto prevê ainda a pintura da mureta por toda a extensão da ponte, até o Troca-Troca, a recuperação do passeio, melhorias da iluminação.


Imagem dos painéis na Ponte da Amizade.
Foto: Rebecca Nunes/ Teresina, dezembro de 2011.


Imagem da Ponte José Sarney.
Foto: Rebecca Nunes/ Teresina, dezembro de 2011.


    PRAÇA DA COSTA E SILVA

    Foi edificada sobre a Lagoa da Palha de Arroz e inaugurada em 1977, durante o primeiro mandato de Alberto Silva, localizada entre as Av. Maranhão e José dos Santos e Silva, região central da cidade.
    Para o projeto da praça, o governador convidou o arquiteto Acácio Gil Borsói e o paisagista Burle Marx. O memorial em homenagem ao poeta é composto por uma estrutura de concreto em balanço que forma a cascata que alimentava o espelho d’água, teve árvores importadas para sua ornamentação, como abricós-de-macaco, da região amazônica.
    Infelizmente a praça hoje está descaracterizada, as placas dos poemas foram roubadas, só restando a placa de concreto, com a biografia do poeta, a cascata e o espelho d’água encontram-se desativados. Assim como a Praça da Bandeira, a Praça da Costa e Silva é cercada por grades, o que não é nem um pouco convidativa, além de facilitar a marginalização e a depredação de seus monumentos.


Praça da Costa e Silva e seus espelhos d’água.
Foto: Karlos Eduardo/ Teresina, fevereiro de 2008.


Praça da Costa e Silva.
Foto: Rebecca Nunes/ Teresina, dezembro de 2011.


Monumento em homenegem ao poeta Da Costa e Silva.
Foto: Rebecca Nunes/ Teresina, dezembro de 2011.


    CEPISA

    Para a escolha do projeto do edifício foi realizado um concurso, cujo primeiro lugar foi do arquiteto Antonio Luiz. Foi criada no governo de Francisco das Chagas Rodrigues, eleito em 1958, sendo sua sede atual construída em 1973, durante o governo de Alberto Tavares Silva.
    Edifício de linhas circulares faz referência a um gerador, arquitetura moderna, com volumetria arrojada e inovadora para a época.
     A intenção do arquiteto era repassar a idéia de discos superpostos marcados por aberturas para a iluminação. As esquadrias são de vidro, protegidas da insolação pela própria estrutura em concreto aparente, que também camufla os aparelhos de ar-condicionado.  As salas são dispostas em torno de um corredor circular que dá acesso a um grande vão central aberto, que facilita a circulação dos ventos, conseguida também através dos pilotis, atualmente fechado com vidro.
     O prédio fica escondido devido ao muro externo ser bastante alto e também devido a vegetação existente. Encontra-se em bom estado de conservação, mas devido a várias reformas que tem sofrido, está descaracterizado com relação ao seu projeto original.


Cepisa da década de 70.
Fonte: Acervo da Maloca Arquitetura e Engenharia.


Perspectiva do edificio da CEPISA. Projeto do arquiteto Antônio Luiz.
Fonte:Maloca Arquitetura e Engenharia
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Imagem da volumetria do edifício.
Foto: Loraynne Lima/ Teresina, dezembro de 2011.


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Disciplina: Leituras da arquitetura e da cidade, 2011
Prof.ª Dsc. Alcilia Afonso
Componentes:
    - Igor Almeida
    - Rebecca Nunes
    - Loraynne Lima

Edição e Diagramação: Emerson Mourão e Vanessa Cordeiro

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