quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

TERESINA SÉCULO XXI: Contrastes urbanos

 Leituras da arquitetura e da cidade
CENTRO HISTÓRICO

O bairro Centro está localizado à margem do rio Parnaíba, esse território foi destinado a construção da Vila Nova do Poti, escolhida para sediar a futura capital do Piauí. O local era ocupado por uma antiga fazenda de criação de gado, chamada de Chapada do Corisco. O primeiro edifício a ser construído naquela área foi a Igreja de Nossa Senhora do Amparo, que serviu como ponto de referência para o planejamento urbano da cidade.
Saraiva planejou todo o traçado geométrica da cidade, com o cuidado de estabelecer logradouros em linhas paralelas, simetricamente dispostas, todas partindo do Rio Parnaíba em direção ao Poti.

Fig. 1 – Mapa humanizado da antiga configuração das quadras de Teresina. Fonte: http://www.flogao.com.br/clickteresina/7722293. 2005. 

 Neste período os portos do rio Parnaíba eram bastante movimentados por embarcações conhecidas por gaiolas que traziam mercadorias e supriam o comércio no Mercado Central, construído em 1860. Atualmente o bairro Centro encontra quase toda atividade administrativa, comercial e hospitalar de Teresina.
Para análise do centro foi escolhidas a Rua Senador Teodoro Pacheco e a Avenida Maranhão, que apresentam grande parte das problematicas contidas no bairro. Serão analisadas a arquitetura e a infraestrutura nessa ordem.
A Rua Senador Teodoro Pacheco é comercial, o que caracteriza todo o centro de Teresina, até por que o uso habitacional do mesmo só foi autorizado no atual Código Municipal de Posturas de Obras e Edificações, isso possivelmente causou um dos grandes problemas do bairro, que é seu esvaziamento noturno, tornando-o um espaço para a criminalidade e prostituição.
A rua é relativamente estreita, já que uma das faixas é completamente tomada para estacionamento. Isso, somado ao grande fluxo de veículos, torna-a um completo caos. O barulho do trânsito caótico e o grande número de carros-de-som e propagandas dentro das lojas causa poluição sonora, que juntamente com a poluição visual das fachadas mal conservadas e cheias de informação, como pichações e cartazes, acabam por estressar mais ainda os transeuntes.
 Os usuários são, em geral, pessoas que passam apressadas fazendo compras. O desinteresse da população pela arquitetura, o cotidiano estressante e o ritmo acelerado que a cidade impõe aliados à falta de incentivo e conservação faz com que edificações belíssimas passem despercebidas pelos frequentadores.
A antiga Rua Bela, atual Rua Senador Teodoro Pacheco, e suas vizinhanças guardam um importante conjunto arquitetônico eclético, com edifícios do final do século XIX e início do século XX. É perceptível a grande importância que a Rua Bela teve, sendo locação de edifícios como a Associação Comercial Piauiense, o primeiro banco do Estado, o primeiro grande hotel e a primeira loja maçônica, além de ser endereço nobre de grandes famílias. A lei municipal complementar nº 3.563, de 20 de outubro de 2006, criou zonas de preservação ambiental, instituiu normas de proteção de bens de valor cultural e deu outras previdências.
Dentre as zonas de preservação ambiental foi criada a ZP1, que compreende algumas casas das ruas Álvaro Mendes, Coelho Rodrigues, Lisandro Nogueira, Paissandu, Riachuelo e Rua Senador Teodoro Pacheco, na qual foram protegidas 9 fachadas, a maioria compreendidas entre a Rua Rui Barbosa e a Rua Riachuelo.

Fig. 2- O edifício nº 845 é um dos mais descaracterizados . O local, onde provavelmente funcionou um comércio, hoje abriga uma casa de prostituição. Dentre as várias modificações caixas de ar-condicionado foram instaladas displicentemente e um muro foi erguido dificultando a visualização de parte da fachada. Foto: Emerson Mourão, 2011.

Fig. 3- No edifício nº882 funcionou a primeira loja maçônica de Teresina chamada Caridade II. Foi fundada em 1858 nesta casa de estilo eclético, com inspiração neoclássica, onde se reuniam alguns dos principais políticos e intelectuais do primeiro século da Capital. Foto: Emerson Mourão, 2011.


Fig. 4 - No edifício nº 910, de 1921, funcionou a primeira agência bancária do Estado e hoje pertence ao Exército Brasileiro abrigando a 26ª Circunscrição de Serviço Militar . Até os anos 30, o estilo arquitetônico predominante em todo o Brasil era o neoclássico. Foto: Emerson Mourão, 2011.

Fig. 5 - O edifício que abriga os números 903 e 911 foi o primeiro grande hotel de Teresina. Possui estilo eclético, como maior parte das edificações da rua. É, enfelizmente uma das edificações mais mal conservadas e descaracterizadas. O grande hotel, durante anos um dos edifício mais suntuosos, hoje é o retrato do descaso e desinteresse da socidade pela história de Teresina. Foto: Emerson Mourão, 2011.
Fig. 6 - O edifício 952  foi uma das fachadas menos modificadas até hoje, apesar de ser a única coisa que lhe restou. A casa foi demolida para dar espaço a um grande galpão onde funciona a Igreja Internacional da Graça de Deus. A fachada é composta por cinco grandes portas com arco ogival e esquadrias originais bem conservadas, a platibanda vazada é característicamente neoclássica, composta por pequeninas colunas de capitel jônico ligadas por arcadas romanas. Foto: Emerson Mourão, 2011.
Fig. 7 - A casa nº 959 é um pequeno edifício que abriga uma pequena loja de variedades e bijuterias. A casa, também em estilo eclético, sofreu influêcia do art noveau na composição da fachada decorada com flores e arabescos em altorrelevo. As esquadrias estão bastante danificadas, mas foram mantidas originais em todas as janelas. Foto: Emerson Mourão, 2011.
Fig. 8 - Atualmente o edifício funciona como residência, o que não deve ter sido diferente anos atrás. A casa, apesar de seus belos traços ecléticos, passa facilmente despercebida, pois se encontra ladeada por dois grandes prédios, a 26º Circunscrição de Serviço Militar e a primeira Loja da Maçonaria. O descaso dos proprietários é notável, a pintura está descascando e a entrada foi modificada. Foto: Emerson Mourão, 2011.

Fig. 9 - Do edifício nº 985 restaram apenas as paredes que compõe a fachada Toda a edificação foi demolida para a construção de um estacionamento rotativo. A fachada é relativamente simples, possui platibandas decoradas por formações geométricas que remetem ao estilo art déco e as portas estão contidas em arcos ogivais, característicos do estilo gótico. Foto: Emerson Mourão, 2011.

Fig. 10 - Em 1905, a Associação Comercial Piauiense comprou para sua sede o edifício mais importante da cidade, o sobrado da Rua Bela nº 988, hoje Senador Teodoro Pacheco. Em 1961, lançou-se o plano de construção do Palácio do Comércio, a nova sede, cuja obra teve inicio em 1969 quando demoliram o velho sobrado, sendo inaugurado em 23 de agosto de 
1977.  Foto: Emerson Mourão, 2011. 





Fig. 11 - O projeto, do arquiteto Antônio Luiz Dutra, segue alguns dos princípios modernistas. O prédio é disposto em dois blocos, tendendo a verticalidade como forma de aproveitar melhor o terreno. Nas fachadas oeste e leste há a presença de esquadrias de vidro. Foram deixados recursos para esconder os aparelhos de ar-condicionado, no entanto, com o tempo, as pessoas começaram a colocá-los nas fachas à livre escolha.  Foto: Emerson Mourão, 2011.

A Rua em análise conta com um mobiliário relativamente pobre. Há apenas uma lixeira para toda a rua, que se localiza em frente ao Palácio do Comércio. Esse edifício possui um largo recuo, e o fato deste ser bem arborizado torna o espaço bastante agradável transformando-o em área de convivência para os usuários. Não há a presença de bancos, porém os próprios canteiros das árvores são utilizados para o descanso dos transeuntes.
Neste mesmo espaço encontram-se, normalmente, alguns policiais, além de vendedores de água de coco, que inclusive tem presença forte na rua – são aproximadamente seis carrinhos em todo o percurso. Forma-se assim outro problema, a falta de conscientização faz com que não só os clientes, mas também os vendedores de água de coco joguem as cascas  diretamente no esgoto após seu consumo.
Nota-se que o mobiliário vai tornando-se mais escasso à medida que a rua avança rumo à Avenida Maranhão, a provável causa disso é a concentração do grande fluxo de pessoas nos primeiros quarteirões logo após a Praça Dom Pedro II. A rua não possui praça, bancos ou áreas de lazer. Os moto-taxistas ganharam uma faixa da rua para estacionamento de seus veículos. Porém os mesmos precisam improvisar bancos e levar suas cadeiras para ter onde descansar entre uma corrida e outra.
Fig. 12 – Mobiliário escasso e improvisado. Fotos: Emerson Mourão, 2011.

As calçadas estão em estado regular, porém a acessibilidade é bastante deficiente, há apenas uma rampa em toda a rua, localizada na calçada da 26º Circunscrição de Serviço Militar, que não atende as normas de acessibilidade, tendo sua inclinação visivelmente superior a 10%.
A fiação sofre é um dos grandes problemas visuais e paisagísticos do, com fios emaranhados e ligações desorganizadas torna-se negativamente notável e dificulta a íntegra visualização das belas fachadas.
A rua possui duas faixas de mão única que vão em sentido à Avenida Maranhão. O estacionamento de veículos toma quase a totalidade de uma das faixas, o que dificulta o trânsito, tornando-o caótico.  A rua não possui ciclovias e o grande número de pedestres que passam por ali andam desatentos, aumentando as chances de acidentes no local. Apesar disso tudo a rua possui boa sinalização, tanto vertical como horizontal, e a pavimentação se encontra em bom estado, exceto pelas largas valas que transportam esgoto a céu aberto.
Fig. 13 – Infraestrutura regular com boa sinalização e pavimentação em bom estado, porém fiação se apresenta como um emaranhado de fios. Fotos: Emerson Mourão, 2011.


Quanto aos prédios de valor histórico torna-se preocupante que edifícios tão importantes para a história do Piauí estejam em condições tão precárias.  Sendo necessária portanto uma revalorização e principalmente uma conscientização por parte dos teresinenses e por que não um incentivo por parte das autoridades públicas já que é sabido que esse descaso é causado principalmente pela falta de incentivo e restrições impostas aos proprietários de edifícios históricos? Nós como piauienses temos que valorizar o que é nosso e acima de tudo, exigir que algo seja feito como ocorreu a duas semanas em frente ao edifício Cine Rex na Praça Pedro II, onde vários estudantes universitários se manifestaram assistindo a filmes em frente ao Cinema em forma de protesto a favor de sua reativação.

  
“ A aceleração do processo de reconhecimento histórico do patrimônio deve se dar através de uma cadeia de ações, que envolvam a educação patrimonial em todos os níveis de escolaridade, pública e privada. Que sensibilizem os cidadãos, o poder público sobre a importância de se preservar a memória, a identidade cultural da cidade, da comunidade. Que sejam divulgados os incentivos existentes e que haja, de fato, vontade política em agir de forma mais contundente.
Cabe ao poder público contratar técnicos, especializá-los e educar a sociedade, através de um trabalho constante de palestras, cartilhas, programas educativos e fiscalização da legislação existente, a fim de evitar a destruição do patrimônio cultural.”
                                                                                           

                    Alcília Afonso


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Disciplina: Leituras da arquitetura e da cidade, 2011.
Prof. ª Dra. Alcília Afonso
Componentes:

Emerson Mourão
Ítalo Barros
Raniere Araújo
Vanessa Cordeiro

Edição e Diagramação: Vanessa Cordeiro e Gabriela Fernandes

sábado, 24 de dezembro de 2011

Itararé: A república dos desvalidos?

PIBIC 2010- Estudo Arquitetônico sobre o conjunto habitacional Dirceu Arcoverde 1 e 2. Teresina.


Esta pesquisa realizou uma investigação arquitetônica a respeito do conjunto habitacional Dirceu Arcoverde I (1977) e Dirceu Arcoverde II (1980), construídos na cidade de Teresina, com recursos do BNH/ Banco Nacional de Habitação, e que em suas duas etapas, edificaram 3040 unidades habitacionais em 1977, e 4254 unidades habitacionais, em 1980, totalizando 7294 casas unifamiliares.
Segundo Afonso, a política de habitação social surgiu no Piauí durante a década de 1960, a partir da criação da antiga Companhia de Habitação do estado do Piauí – COHAB-PI. Seis anos após sua criação, foi  inaugurado o primeiro conjunto habitacional da instituição, o bairro Tabuleta, localizado na zona sul da cidade de  Teresina-PI.
Devido a seu elevado número de unidades habitacionais, os conjuntos Dirceu Arcoverde I e II são considerados as maiores intervenções na área de habitação de interesse social em Teresina, sendo acompanhado em nível de importância, pelo conjunto habitacional do Promorar (1982), com 4696 unidades e do Conjunto Jacinta Andrade ( 2008), com 4300 unidades habitacionais.
A pesquisa retrata os fatos socioeconômicos e culturais que levaram à execução de obra de tal envergadura, observando-se dados sobre a iniciativa política, a autoria urbanística e arquitetônica da proposta, os critérios do projeto desenvolvido para o traçado das ruas, o programa arquitetônico proposto para o conjunto, bem como, os equipamentos e tipologias habitacionais elaboradas e construídas.

Figura 01. Mapa de localização do conjunto. Fonte: Google Earth/Maps.

Em nível de contextualização, esta área na qual está implantado o conjunto Dirceu Arcoverde I e II, é conhecida também, como Itararé, que ocupa uma zona que pertencia à Fazenda Itararé, de propriedade de Pedro de Almendra Freitas. A palavra “itararé”, de origem tupi, significa curso subterrâneo das águas de um rio através de rochas calcárias.

Figura 02: Mapa do Itararé, e suas vilas em 1994.
Fonte: Teresina em Bairros, 1994.


HISTÓRICO DO PROCESSO DE SURGIMENTO DO CONJUNTO HABITACIONAL

No final da década de 1970, o Brasil vivia um cenário de abertura política e amenização do rigor do regime militar brasileiro, protagonizado por Ernesto Geisel. Em 1974, indicado por este mesmo presidente,  Dirceu Mendes Arcoverde foi eleito governador do Piauí, enquanto Raimundo “Wall Ferraz” assumia seu posto na prefeitura da capital Teresina, durante o período de 1975 a 1979. Nesse período, foi dado mais um importante passo em território local no que se refere à preocupação com a questão do déficit habitacional: a criação do conjunto residencial Itararé.
O conjunto foi criado de forma a realocar os favelados da zona leste, bem como funcionários públicos de baixo poder econômico. Na prática, tal medida serviu também como motivo para gerar especulação imobiliária nas redondezas. Se até outrota o conjunto Itararé era marcado por enormes terrenos improdutivos, por outro ele começaria a fazer parte do mapa de expansão da cidade.
Com o passar dos anos, o Itararé passou a receber equipamentos diversos como uma creche municipal, um campus universitário estadual (UESPI), mercados, um estádio de futebol (Almeidão), um distrito policial (8º .DP.), praças, bancos, na unidade I, e na II, um centro comercial (mercado público), uma unidade escolar, uma associação esportiva e creche, uma unidade de saúde, uma praça e uma unidade institucional. e dezenas de outras serviços de modo a acompanhar as necessidades populacionais. Dessa forma, o conjunto atualmente é abastecido de serviços que a população de bairros mais pobres só teriam acesso nas zonas mais desenvolvidas da cidade. É por essa característica e por ser bastante populoso que o conjunto é considerado pelos habitantes como “uma cidade dentro de outra”.
            Foto: Vista interior do mercado do Dirceu. Fonte: FERNANDES, Gabriela (2010).



DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO BAIRRO ITARARÉ

DIRCEU I
DISCRIMINAÇÃO
ÁREA(m²)
%
ÁREA DO TERRENO
1.128.255,00
100,00
ÁREA DE HABITAÇÃO (QUADRAS)
629.904,98
55,83
ÁREA VERDE
35.145,99
3,12
ÁREA INSTITUCIONAL
119.395,75
10,58
ÁREA DE CIRCULAÇÃO
343.778,28
30,47



Figura 03: Representação do parcelamento urbano do Dirceu I. Fonte: ADH(2011) , adaptado por TAVARES, Iago.

Figura 04: Representação do parcelamento urbano do Dirceu II. Fonte: ADH(2011). O estudo da morfologia urbana aplicada ao Itararé divide o seu meio urbano em partes e as articula entre si, formando um conjunto com identidade própria e dotada de aspectos quantitativos, qualitativos e figurativos. adaptado por TAVARES, Iago.


ANÁLISE DO BAIRRO

As ruas, originalmente eram de terra batida (daí a denominação “pés-de-poeira” aos primeiros habitantes da região), hoje encontram-se calçadas ou asfaltadas, com larguras  de 6,7,8 e 10 metros. Suas principais vias de circulação encontram-se asfaltadas. Em contrapartida, as vias de menor tráfego (predominantemente residenciais), em sua maioria, possuem calçamento em paralelepípedos.

Figura 05: Perfil de vias locais. Fonte: ADH, 2010

                                                                   Figura 06: Perfil de vias locais. Fonte: ADH, 2010

Figura 07: Perfil de vias locais. Fonte: ADH, 2010

Figura 08: Perfil de vias locais. Fonte: ADH, 2010

Figura 09: Perfil de vias locais. Fonte: ADH, 2010


Figura 10: Perfil de vias locais. Fonte: ADH, 2010

Foto: Exemplar de praça e mobiliário urbano no bairro. Fonte: FERNANDES, Gabriela (2010).




Foto: Exemplar de mobiliário urbano no bairro, respectivamente: poste de iluminação pública, banco em madeira. Fonte: FERNANDES, Gabriela (2010).

Foto: Exemplar de praça e mobiliário urbano no bairro. Fonte: FERNANDES, Gabriela (2010).

Foto: Edifícios de tipologia residencial e comercial no bairro. Fonte: TAVARES, Iago (2010).

Caracterizando o entorno do conjunto, tem-se dois tipos principais de ruas: residenciais e comerciais. Nelas, as fachadas das edificações estão dispostas de forma contínua, sem grandes variações em termos de gabarito e largura. Coberturas de duas águas caracterizam seus telhados, com portas e janelas direcionadas para a rua nas edificações residenciais, e águas escondidas por platibandas em construções comerciais.
A topografia da região revela que o desenho do solo local é caracterizado por terrenos regulares, apresentando poucas variações em seu relevo.

Figura 11: Configuração topográfica do Itararé I e II: curvas de nível. Fonte: ADH (2010).

Além do solo, o espaço urbano é constituído pelos EDIFÍCIOS, possibilitando a organização de diferentes espaços identificáveis de forma única, como as ruas, as praças, as avenidas, dentre outros. Dessa forma, o espaço urbano depende das tipologias construídas e da forma com a qual são agrupadas. Esta, por sua vez, determina a forma urbana, limitante da tipologia edificada.
            O lote, por sua vez, engloba o edifício. É o gerador da edificação, pois condiciona sua forma, e acaba por caracterizar também a forma da cidade.
O Itararé possui lotes regulares em sua maioria regulares, de dimensões 20 x 10m. Agrupados em 20, formam quarteirões em sua maioria retangulares  que configuram-se no sentido nordeste-sudoeste , acomodando-se ao longo de vias ortogonais (figuras XX e XX).
Figura 12: Estrutura dos quarteirões e lotes no Dirceu I. Em sua quase totalidade, a região do Dirceu I possui seus lotes em um mesmo sentido ortogonal, onde apenas um pequeno número de lotes situados na porção centro-sul do mesmo apresenta geometria diferenciada, se estreitando, à medida em que o limite entre os dois conjuntos se aproxima, na avenida principal. A esta porção de lotes é conferido o caráter de equipamento público, composto de áreas verdes e institucionais. Fonte: ADH (2011).

Figura 13: Estrutura dos quarteirões e lotes no Dirceu II. Fonte: ADH (2011).

A fachada, por sua vez, é o meio de o edifício relacionar-se com o espaço urbano. Devido à posição diminuta, hierarquizada da fachada dentro do quarteirão, é conferida à mesma um caráter especial, de forma que um conjunto de tipologias evidencia um uso específico no meio do quarteirão ou do maior lote no mesmo.
Se, com o passar dos anos, as edificações foram adquirindo características próprias, inerentes à personalidade de seus moradores, como cores individuais para fachada (figura XX), diferentes alturas de muro, outros revestimentos e elementos construtivos para as mesmas, as unidades residenciais durante a criação do Itararé pecavam por uma padronização em excessiva, tanto construtiva quanto plástica, como pode-se observar através da figura XX, que ilustra uma rua genérica com conjunto, com características semelhantes às outras.

Foto: Fachadas, cores e rua compondo o espaço urbano atual do Itararé. Fonte: TAVARES, Iago (2010).

Figura 14: Reconstrução digital de rua com edificações originais no Itararé.. Fonte: TAVARES, Iago (2010).

AS TIPOLOGIAS
           
Para o conjunto habitacional, foram projetadas três tipologias básicas: A, B e C. Todas as tipologias são similares, de modo que as residências com maior área têm apenas um cômodo a mais, ou outro cômodo maior. A tipo A possui 19m², com uma sala, uma cozinha e um banheiro . A tipo B, 25m², com distribuição espacial igual ao tipo A, e por fim a tipo C 34m², caracterizada pela mesma distribuição espacial dos casos anteriores, com o acréscimo de uma varanda, o que praticamente dobrava  a área construída da casa, se comparado com a tipologia mais básica, a tipo A.

Tipologia A: sistema construtivo, telhado, paredes, esquadrias, piso
Figura 15: Proposta de planta baixa original (ADH, 2011.)



Figura 16: Reconstrução digital de corte transversal da tipologia A. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).

Figura 17: Reconstrução digital de corte longitudinal da tipologia A. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).

Figura 18: Reconstrução digital de fachada principal da tipologia A. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).

Figura 19: Reconstrução digital de fachada posterior da tipologia B. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).

Figura 20: Reconstrução digital de fachada lateral esquerda da tipologia A. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).

Figura 21: Reconstrução digital de fachada lateral direitaa da tipologia A. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).

Figura 22: Reconstrução digital do volume da tipologia A construída. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).

Figura 23: Reconstrução digital do volume da tipologia A construída. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).


Tipologia B:
Figura 24: Proposta de planta baixa original (ADH, 2011.)


Figura 25: Reconstrução digital de corte transversal da tipologia B. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).
Figura 26: Reconstrução digital de corte longitudinal da tipologia B. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).

Figura 27: Reconstrução digital de fachada principal da tipologia B. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).
 
Figura 28: Reconstrução digital de fachada principal da tipologia B. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).
 
Figura 29: Reconstrução digital de fachada lateral esquerda da tipologia B. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).
Figura 30: Reconstrução digital de fachada lateral direita da tipologia B. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).
Figura 31: Reconstrução digital do volume da tipologia B construída. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).

Figura 32: Reconstrução digital do volume da tipologia B construída. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).

Tipologia C:
Figura 33: Proposta de planta baixa original (ADH, 2011.)

A tipologia maior e final “C” , com 34m² possuía a mesma configuração do padrão “B”, com a adição de uma porta que liga a sala à uma varanda com área quase igual à da própria residência.
Figura 34: Reconstrução digital de corte transversal da tipologia C. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).
Figura 35: Reconstrução digital de corte longitudinal da tipologia C. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).

Figura 36: Reconstrução digital de fachada principal da tipologia C. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).
Figura 37: Reconstrução digital de fachada posterior da tipologia C. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).
Figura 38: Reconstrução digital de fachada lateral esquerda da tipologia C. Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).


Figura 40: Reconstrução digital do volume da tipologia C construída . Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).
Figura 41: Reconstrução digital do volume da tipologia C construída . Fonte: TAVARES, Iago;( 2011).





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SOBRE A INVESTIGAÇÃO (completa)


AFONSO, Alcília. Habitação de interesse social em Teresina: algumas reflexões.” Recife: Anais do 19º. Congresso Brasileiro de arquitetura. 2010.

AFONSO, Alcília. As políticas públicas estaduais de habitação de interesse social em Teresina. A atuação da ADH. Porto Alegre: Congresso Internacional Sustentabilidade e Habitação de Interesse Social. 2010.

CORREA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. São Paulo: Ed.Ática, 2000.
DEL RIO, Vicente. Introdução ao desenho urbano no processo de planejamento. São Paulo: Ed. Pini,1990.
JANSEN, Pedro. Itararé volta ao Theatro 4 de Setembro. In línea http: //www. medplan. com. br/ materias/2/1631.html ,publicado em 02 de Fevereiro de 2007 - Teatro.acessado no dia 5 de maio de 2010, às 22:12h.
LAMAS, José. Morfologia urbana e desenho da cidade. Lisboa: Fergráfica, 2000.
LIMA, Afonso.  Itararé. A república dos desvalidos. Peça teatral datilografada. Fotocópia. Teresina, 1986.
Teresina em bairros.Teresina: Prefeitura municipal de Teresina. 1994
Teresina Agenda 21/ Plano de desenvolvimento sustentável.  Prefeitura Municipal de Teresina. Teresina, 2002.
TURKIENICZ, B. Desenho Urbano I - "I Seminário sobre Desenho Urbano no Brasil". São Paulo: Ed. Ática, 1984.



Dados da Pesquisa



Orientadora: Profa. Dra. Alcília Afonso de Albuquerque
Bolsista PIIBIC: Iago Tavares
Edição da Postagem e diagramação: Gabriela Fernandes