quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

ESTUDO 02 - TERESINA: HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL




        Desenho de Jaqueline Inagda

COMPONENTES:
Antonio Pabllo Nunes
Jaqueline Inagda
Jefferson Moraes
Natanael Gomes
Karla Katrine Simões
Rômulo Carvalho

ORIENTAÇÃO:
Prof. Drª. Alcília Afonso | Kaki

DISCIPLINA:
Leituras da Arquitetura e da Cidade


CURSO:
Arquitetura e Urbanismo



APRESENTAÇÃO
O presente trabalho consiste na análise de uma residência popular localizada no bairro Ininga, situado na cidade de Teresina, PI. Fundamentou-se nos estudos de implantação, funcionalidade, estrutura, organização espacial, volumetria e contexto, realizados através de visitas in loco, depoimentos dos moradores, fotografias, croquis das fachadas e da planta baixa.
A residência adotada como objeto de estudo foi edificada há 11 anos empregando-se a técnica construtiva do pau a pique. Nela residem, em condições precárias de habitação, quatro pessoas, sendo uma adulta e três adolescentes, em uma área de aproximadamente 79,80 m².
LOCALIZAÇÃO
A edificação residencial escolhida situa-se na cidade de Teresina, Piauí, no bairro Ininga, na rua Professor Machado Lopes, nº 4947, Vila Cerâmica. A área ocupada é considerada de risco e todas as casas que constituem a comunidade são resultantes de invasões.
CONFIGURAÇÃO
A residência em questão é caracterizada pela simplicidade de formas. Não existem formas adicionais ou subtrativas, limita-se a um espaço retangular delimitado e compartimentado internamente. O emprego de recursos naturais como barro, madeira e palha (materiais acessíveis na região), bem como a técnica construtiva (pau a pique) configuram aspectos da chamada arquitetura vernacular. A matéria-prima para este tipo de construção é basicamente: madeira, cipó (para amarrar a trama), barro, água, fibra local ou palha. Os pilares são em madeira e foram retirados da vegetação nativa. A casa foi elaborada e construída pelo pai da proprietária, o que denota aspectos de uma construção autóctone e resquícios da cultura indígena, com soluções arquitetônicas ainda empregadas por uma grande parcela da população brasileira de baixo poder aquisitivo.

 Foto: Rômulo Carvalho. Janeiro de 2013.
ESTRUTURA PORTANTE
A estrutura portante é composta por vigas distribuídas paralelamente em pontos estratégicos que recebem parte da carga do telhado. Na estrutura das paredes, as quais possuem na edificação a função autoportante, empregou-se a técnica construtiva de pau a pique, onde o entrelaçamento de madeiras verticais fixadas no solo, com vigas horizontais amarradas entre si, tendo os vãos preenchidos com barro, originam paredes com pouco acabamento, conferindo rusticidade e simplicidade à construção.

 Foto: Pabllo Nunes. Janeiro de 2013.
FECHAMENTO
As paredes, como elementos definidores do espaço, possuem poucas aberturas. Em toda casa existem somente duas portas em madeira (a de entrada e a dos fundos) e uma janela também em madeira. As aberturas nos espaços adjacentes da casa não possuem portas e a privacidade dos cômodos é conferida apenas pelo uso de cortinas em tecido adaptadas aos vãos.   
O sistema construtivo evidentemente privilegia a economia de recursos e os meios empregados são, em sua maioria, improvisados, gerando soluções arquitetônicas estruturalmente instáveis, passíveis de se degradarem em pouco tempo ou de apresentarem rachaduras e fendas.

                                               Foto: Rômulo Carvalho. Janeiro de 2013.
TELHADO
A cobertura da casa é aparente e possui duas águas. Sua maior parte é composta por telha capa de argila, o que se adequa muito bem ao clima teresinense e oferece uma boa relação custo-benefício. Na extensão da cobertura onde não foram utilizadas telhas observa-se o emprego da palha de carnaúba, cujo estado já deteriorado pelo tempo, compromete a proteção contra intempéries ocasionando goteiras e infiltrações. O banheiro, externo à casa, possui apenas uma água e é recoberto também em telha canal.

                                                  Foto: Pabllo Nunes. Janeiro de 2013.
ELEMENTOS ESPECIAIS
A própria rusticidade conferida pelo método construtivo da casa em questão já é em si um elemento singular da mesma. O espaço do terreno onde se encontra a habitação é delimitado por cercas armadas com madeiras paralelas fincadas ao chão. Um elemento peculiar é a grade improvisada com a estrutura interna de um colchão de molas, que se encontra preso junto às cercas e a portinhola que dá acesso ao terreno. O barro que recobre toda a estrutura portante da casa, bem como seus elementos de cobertura em cerâmica e palha, é o que caracteriza sua textura e cor.

 Foto:Rômulo Carvalho. Janeiro de 2013.
ASPECTOS SOCIAIS
A casa foi construída há 11 anos pelo pai da proprietária antes deste falecer, em um terreno doado e sem documentação. A família é original de Teresina e na mesma rua moram vários membros, pois o terreno era de propriedade de um ascendente em comum e este fez a doação a filhos, sobrinhos e irmãos.
 A proprietária, Antonia, mora na casa com os 3 filhos adolescentes. Ela estudou até a 7ª série do ensino fundamental, mas pretende voltar a estudar. Os filhos possuem 19, 17 e 14 anos, estão na 7ª, 6ª e 5ª séries do ensino fundamental respectivamente.
 A família não possui renda fixa e vive somente do trabalho informal da mãe, a qual se recusou informar a natureza do seu trabalho.
JUSTIFICATIVA DA INTERVENÇÃO
A intervenção tem o objetivo de propor soluções para os problemas mais significantes da casa, dentro das limitações financeiras impostas pela realidade da família e conservando as características positivas da habitação.
 O primeiro problema verificado na casa foi a ausência de ventilação interna, fato este que causa um grande desconforto térmico. Para solucionar este problema, propõe-se aumentar a altura do pé direito da casa e inserir janelas mais amplas, especialmente, nos quartos direcionados a leste com o intuito de receber os ventos oriundos do nordeste e sudeste aproveitando a ventilação cruzada.

Autoria: Rômulo Carvalho

 O segundo problema verificado foi a deficiência da divisão interna da casa em estabelecer áreas sociais, privadas e de serviço de maneira satisfatória. Para tanto, foi proposto mudança em algumas paredes internas dando nova configuração aos espaços para dar privacidade aos quartos e deixar as áreas sociais (salas e terraço) e áreas de serviço (área de serviço e cozinha) interligadas.
 O problema mais urgente a ser resolvido é a falta de banheiro interno e com adequada destinação dos resíduos. Propõe-se a construção de um banheiro interno com fossa séptica. Este deverá ser edificado em alvenaria, assim como as demais áreas molhadas: cozinha e área de serviço. Propõe-se ainda, a inserção de uma caixa d’água canalizada para o banheiro e cozinha.


Autoria: Rômulo Carvalho.


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