Desenho de Jaqueline Inagda
COMPONENTES:
Antonio Pabllo Nunes
Jaqueline Inagda
Jefferson Moraes
Natanael Gomes
Karla Katrine Simões
Rômulo Carvalho
ORIENTAÇÃO:
Prof. Drª. Alcília Afonso | Kaki
DISCIPLINA:
Leituras da Arquitetura e da Cidade
CURSO:
Arquitetura e Urbanismo
APRESENTAÇÃO
O presente trabalho consiste na
análise de uma residência popular localizada no bairro Ininga, situado na
cidade de Teresina, PI. Fundamentou-se nos estudos de implantação,
funcionalidade, estrutura, organização espacial, volumetria e contexto,
realizados através de visitas in loco,
depoimentos dos moradores, fotografias, croquis das fachadas e da planta baixa.
A residência adotada como objeto de
estudo foi edificada há 11 anos empregando-se a técnica construtiva do pau a
pique. Nela residem, em condições precárias de habitação, quatro pessoas, sendo
uma adulta e três adolescentes, em uma área de aproximadamente 79,80 m².
LOCALIZAÇÃO
A edificação residencial escolhida
situa-se na cidade de Teresina, Piauí, no bairro Ininga, na rua Professor
Machado Lopes, nº 4947, Vila Cerâmica. A área ocupada é considerada de risco e
todas as casas que constituem a comunidade são resultantes de invasões.
CONFIGURAÇÃO
A residência em questão é
caracterizada pela simplicidade de formas. Não existem formas adicionais ou
subtrativas, limita-se a um espaço retangular delimitado e compartimentado
internamente. O emprego de recursos naturais como barro, madeira e palha (materiais
acessíveis na região), bem como a técnica construtiva (pau a pique) configuram
aspectos da chamada arquitetura vernacular. A matéria-prima para este tipo de
construção é basicamente: madeira, cipó (para amarrar a trama), barro, água,
fibra local ou palha. Os pilares são em madeira e foram retirados da vegetação
nativa. A casa foi elaborada e construída pelo pai da proprietária, o que
denota aspectos de uma construção autóctone e resquícios da cultura indígena,
com soluções arquitetônicas ainda empregadas por uma grande parcela da
população brasileira de baixo poder aquisitivo.
Foto: Rômulo Carvalho. Janeiro de 2013.
ESTRUTURA
PORTANTE
A estrutura portante é composta por
vigas distribuídas paralelamente em pontos estratégicos que recebem parte da
carga do telhado. Na estrutura das paredes, as quais possuem na edificação a
função autoportante, empregou-se a técnica construtiva de pau a pique, onde o
entrelaçamento de madeiras verticais fixadas no solo, com vigas
horizontais amarradas entre si, tendo os vãos preenchidos com barro, originam
paredes com pouco acabamento, conferindo rusticidade e simplicidade à
construção.
Foto: Pabllo Nunes. Janeiro de 2013.
FECHAMENTO
As paredes, como elementos
definidores do espaço, possuem poucas aberturas. Em toda casa existem somente
duas portas em madeira (a de entrada e a dos fundos) e uma janela também em
madeira. As aberturas nos espaços adjacentes da casa não possuem portas e a
privacidade dos cômodos é conferida apenas pelo uso de cortinas em tecido
adaptadas aos vãos.
O sistema construtivo evidentemente
privilegia a economia de recursos e os meios empregados são, em sua maioria,
improvisados, gerando soluções arquitetônicas estruturalmente instáveis,
passíveis de se degradarem em pouco tempo ou de apresentarem rachaduras e
fendas.
Foto: Rômulo Carvalho. Janeiro de 2013.
TELHADO
A cobertura da casa é aparente e
possui duas águas. Sua maior parte é composta por telha capa de argila, o que
se adequa muito bem ao clima teresinense e oferece uma boa relação
custo-benefício. Na extensão da cobertura onde não foram utilizadas telhas
observa-se o emprego da palha de carnaúba, cujo estado já deteriorado pelo
tempo, compromete a proteção contra intempéries ocasionando goteiras e
infiltrações. O banheiro, externo à casa, possui apenas uma água e é recoberto
também em telha canal.
Foto: Pabllo Nunes. Janeiro de 2013.
ELEMENTOS
ESPECIAIS
A própria rusticidade conferida pelo
método construtivo da casa em questão já é em si um elemento singular da mesma.
O espaço do terreno onde se encontra a habitação é delimitado por cercas
armadas com madeiras paralelas fincadas ao chão. Um elemento peculiar é a grade
improvisada com a estrutura interna de um colchão de molas, que se encontra
preso junto às cercas e a portinhola que dá acesso ao terreno. O barro que
recobre toda a estrutura portante da casa, bem como seus elementos de cobertura
em cerâmica e palha, é o que caracteriza sua textura e cor.
Foto:Rômulo Carvalho. Janeiro de 2013.
ASPECTOS
SOCIAIS
A casa foi construída há 11 anos
pelo pai da proprietária antes deste falecer, em um terreno doado e sem
documentação. A família é original de Teresina e na mesma rua moram vários
membros, pois o terreno era de propriedade de um ascendente em comum e este fez
a doação a filhos, sobrinhos e irmãos.
A proprietária, Antonia, mora na casa com os 3
filhos adolescentes. Ela estudou até a 7ª série do ensino fundamental, mas
pretende voltar a estudar. Os filhos possuem 19, 17 e 14 anos, estão na 7ª, 6ª
e 5ª séries do ensino fundamental respectivamente.
A
família não possui renda fixa e vive somente do trabalho informal da mãe, a
qual se recusou informar a natureza do seu trabalho.
JUSTIFICATIVA DA INTERVENÇÃO
A
intervenção tem o objetivo de propor soluções para os problemas mais
significantes da casa, dentro das limitações financeiras impostas pela
realidade da família e conservando as características positivas da habitação.
O
primeiro problema verificado na casa foi a ausência de ventilação interna, fato
este que causa um grande desconforto térmico. Para solucionar este problema,
propõe-se aumentar a altura do pé direito da casa e inserir janelas mais
amplas, especialmente, nos quartos direcionados a leste com o intuito de
receber os ventos oriundos do nordeste e sudeste aproveitando a ventilação
cruzada.
Autoria: Rômulo Carvalho
O
segundo problema verificado foi a deficiência da divisão interna da casa em
estabelecer áreas sociais, privadas e de serviço de maneira satisfatória. Para
tanto, foi proposto mudança em algumas paredes internas dando nova configuração
aos espaços para dar privacidade aos quartos e deixar as áreas sociais (salas e
terraço) e áreas de serviço (área de serviço e cozinha) interligadas.
O
problema mais urgente a ser resolvido é a falta de banheiro interno e com
adequada destinação dos resíduos. Propõe-se a construção de um banheiro interno
com fossa séptica. Este deverá ser edificado em alvenaria, assim como as demais
áreas molhadas: cozinha e área de serviço. Propõe-se ainda, a inserção de uma
caixa d’água canalizada para o banheiro e cozinha.
Autoria: Rômulo Carvalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário