O parque Potyacabana foi projetado para ser implantado às margens do Rio Poty, no bairro Noivos, na zona leste de Teresina, ocupando área de 90 mil metros quadrados (9 hectares).
Ao observar-se a figura 1, pode-se ver a faixa que a obra ocupou na beira do rio Poty e as intervenções na paisagem urbana, com a construção do Teresina Shopping, em seu entorno imediato.
-Área de implantação do projeto do Parque Potycabana. Fonte: Google maps. 2010.
A obra foi projetada pelo autodidata Gérson Castelo Branco no final dos anos 80, e construído pelo Governo do Estado do Piauí, durante o segundo Governo de Alberto Silva. Foi inaugurada em 1990, quando passou a ser administrada pela iniciativa privada, com uso concedido à empresa COBEL/ Comércio de bebidas Ltda, distribuidora de bebidas Antártica.
Em 2001, após a falência administrativa desta empresa, o parque passou para o sistema Fecomércio/Sesc/Senac, sem contudo tal cessão haver sido tramitada na Assembléia Legislativa estadual, o que fez com que em 2006, tal processo fosse anulado, e o mesmo passasse a ser administrado pelo próprio Governo do Estado.
A questão é que após tantos anos de uso, o mesmo não vinha recebendo uma manutenção adequada, e por isso, encontrava-se bastante deteriorado, em todos os seus equipamentos. O programa arquitetônico era composto por bloco de administração e baterias sanitárias; parque aquático, com piscinas de ondas, e toboáguas; quadras de esportes para vôlei e pistas de corridas; área para shows com anfiteatros e palcos; restaurante com bar e lanchonete, entre outros.
De acordo com matéria publicada no Jornal Diário do Povo, datada do dia 16 de fevereiro de 2007, e intitulada “Estado retoma administração e abandona parque Potycabana”, o local encontrava-se abandonado, após um ano em que este passou a ser administrado pelo Governo: “Depois da disputa política que cancelou o contrato de cessão de uso do parque Potycabana para o sistema Fecomércio, o maior complexo de lazer do Piauí está em total estado de abandono e se transformou em depósito de ferro-velho”.
Em janeiro de 2008, a Secretaria de Infraestrutura do Estado entregou um projeto de recuperação orçado em mais de R$ 1 milhão para a Caixa Econômica Federal. De acordo com o governador Wellington Dias os recursos já estavam garantidos, inclusive através de emenda o próprio deputado federal Alberto Silva. Na época o secretário Avelino Neiva, chegou a declarar que o dinheiro já estaria depositado em conta e que o Estado seria responsável pela contrapartida nos recursos.
Em janeiro de 2009, de acordo com informações da própria Coordenadoria de Comunicação do Estado, a previsão para a entrega da obra era de 180 dias, mas o prazo não foi cumprido. Em Abril de 2009, o Governo voltou a divulgar que o Parque abriria para o uso da população no mês de novembro.
Além da renovação das instalações elétricas e hidráulicas do Parque o projeto de melhorias incluía ainda a reforma do prédio de administração, restaurante, piscinas e portões. Nos últimos anos, em que esteve fechado o parque serviu apenas para abrigar eventos como Feiras e o tradicional Festival de Folguedos, deixando de ser o principal local de lazer para a população mais carente de Teresina.
O projeto do parque previa em sua concepção original que o mesmo fora utilizado para servir à população mais carente teresinense como área de lazer, devendo funcionar como uma espécie de clube, com suas diversas atividades. Contudo, o acesso ao mesmo, começa a ser proibido a esta faixa da população, uma vez que a terceirização administrativa privada necessitava de recursos para realizar a sua manutenção.
Assim, este projeto de pesquisa pretende investigar dados que forneçam informações para se realizar uma retomada desta intervenção arquitetônica. Analisando-se para tal, os critérios projetuais utilizados na concepção da mesma, a análise dos aspectos considerados para o desenvolvimento da proposta, as influências sofridas, e as causas e conseqüências que levaram o parque ao estado no qual se encontra.
Em revisão bibliográfica realizada sobre o tema a ser pesquisado, foi possível descobrir que a revista paulista de arquitetura intitulada ”Projeto”, de circulação nacional, em seu número 138, de fevereiro de 1991, dedicou várias páginas para divulgar a obra, recentemente inaugurada. Em 2005, a mesma revista, no número 308, de outubro de 2005, denuncia o estado de abandono na qual a mesma se encontra.
Em de abril de 2007, no número 326, mais uma vez, a revista retoma o tema, através de artigo intitulado “Ai de ti, Potycabana!”, no qual critica o atraso no processo de restauração do parque, afirmando que o mesmo não cumpriu com a sua função original, foi mal administrado e por isso, encontra-se neste estado de abandono.
Em sites de jornais locais também foi possível se levantar dados para a montagem deste projeto, mas são informações muitas vezes repetitivas de materiais publicadas na revista anteriormente citadas, sem apresentar dados originais e inéditos.
Quais são os eixos de tensão e de disputa existentes nesta intervenção? Quais os atores que realizaram mediações culturais e políticas para a realização da mesma, e quais foram os fatores que estruturaram as relações entre tensões, conflitos, consensos deste território urbano, que alterou de forma drástica a imagem da cidade? Estas são algumas reflexões, as quais este texto pretende discutir.